Alinhando a Gestão de Risco "Formal" Através de Critérios de Avaliação Empíricos do Nível de Controle de Risco

Adaptado de uma apresentação feita durante o NOSHCON 2005
04 - 07 Maio de 2004
Sun City, África do Sul

"Profissionais com 15 anos ou mais de experiência estão procurando algo novo, algo que eles não sabem que já existe"
(Mark Hansen, Presidente da Sociedade Americana de Engenheiros de Segurança - ASSE)

INTRODUÇÃO

As palavras "da vez" na gestão de SSMA ouvidas na maioria das organizações, nesta última década, têm sido "Avaliação de Risco" e, mais recentemente, "Integração de Sistema". Esta é uma via de desenvolvimento perfeitamente natural na busca pela sustentabilidade da gestão do risco ocupacional, mas "alguma coisa" parece estar faltando, já que parece haver uma batalha sem fim para "fazer isso dar certo".

Os profissionais de gestão de risco ficam intrigados pelo fato de que longos e dispendiosos esforços com ferramentas sofisticadas de avaliação não estão trazendo os benefícios esperados a seus sistemas de gestão: não há melhoras nem no desempenho, nem nos resultados.

Se concordarmos com o fato básico que, embora o sucesso da gestão dos riscos de SSMA origine-se de avaliações sólidas e bem desenvolvidas (diagnósticos), ele depende fundamentalmente da capacidade dos gerentes em assegurar que os tipos de controle corretos são estabelecidos ("a cura"). Poderemos, então, aceitar que a maioria das organizações está errando esse alvo. Não é raro ver que o esforço na avaliação de riscos está excedendo, em muito, o esforço para a definição do controle. Como as organizações chegaram a este comportamento distorcido? O que é necessário, então, para que o foco seja voltado para a direção certa?

Esta série de três (3) artigos dá uma explicação para o primeiro problema e oferece o "algo que está faltando" para tratar do segundo. A explicação reflete o que está acontecendo em muitas empresas e deve servir para conscientizar os gerentes sobre quais são as armadilhas a serem evitadas. Todos devem beneficiar-se dos critérios propostos para avaliar a eficácia do controle de risco, que é o "ponto de ligação faltante" entre boas avaliações de risco e gestão efetiva do risco. Deste modo, eles devem evoluir da, normalmente, abordagem cega de "conformidade com o sistema", para um modo de "gestão de risco" verdadeiramente customizado... e ir muito além disso.

DEFINIÇÃO DA REAL MOTIVAÇÃO PARA A AVALIAÇÃO DE RISCO E A INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS

Como ponto de partida, é necessário gerar um entendimento honesto sobre o que motiva as organizações a conduzir avaliações de risco, e o que move sua necessidade de integração dos sistemas de gestão dos riscos ocupacionais (segurança, saúde, meio ambiente, etc.).

Neste momento, discutirei apenas a avaliação de risco Qualitativa (ou geral) e não tratarei de nenhuma forma de Avaliação de Risco Quantitativa, que é uma ciência altamente desenvolvida e específica, usada nas indústrias de alta tecnologia. Se esta última falhar, o mundo inteiro terá sérios problemas. Embora raramente se vejam estações nucleares derretendo, ou instalações petroquímicas explodindo, elas apresentam um número razoável de incidentes incapacitantes. É aí que entra a Avaliação de Risco Qualitativa, a qual eu gostaria de discutir.

O ÍMPETO DA AVALIAÇÃO DE RISCO

O primeiro requisito para uma avaliação de risco formal (qualitativa) veio com o advento das séries de normas ISO 14000, para a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) certificável. Qualquer organização que requeresse a certificação do seu SGA foi motivada a conduzir um estudo de Aspecto e Impacto. Vieram em seguida outros sistemas de gestão do risco ocupacional, notadamente a OHSAS 18000 (saúde e segurança) e o Sistema Integrado NOSA Cinco Estrelas, que integra a gestão de segurança, saúde e meio ambiente.

A conclusão é simples e óbvia: o fator de motivação, por trás das avaliações de risco qualitativas das disciplinas de risco ocupacional, veio como resultado do desejo das empresas de certificar seus sistemas de gestão de risco ocupacional.

Integração dos sistemas de gestão de risco ocupacional

A resposta por que as organizações querem, então, integrar seus sistemas de gestão de risco ocupacional é igualmente óbvia: a quantidade e a freqüência das auditorias de certificação tornaram-se irritantemente numerosas, dispendiosas e com consumo muito grande de tempo. Por esses motivos, faz sentido integrar os diferentes sistemas. Por que ter um procedimento de qualidade, um procedimento de segurança e um procedimento ambiental para produzir o mesmo item? Vamos ter apenas um procedimento e nos assegurar que ele cobre todos os requisitos de segurança, saúde, qualidade e meio ambiente ao mesmo tempo?

Talvez isso tudo possa ser uma descrição super simplificada da tendência atual da gestão do risco ocupacional, mas é basicamente a realidade. Infelizmente a dinâmica das organizações e dos seus sistemas de gestão é mais complexa, portanto, se cobrirmos simplesmente todos os aspectos requeridos em um procedimento operacional não significa que o "sistema" tenha sido magicamente "integrado".

"Não há nada mais difícil de conduzir, nem que tenha o sucesso mais duvidoso, e que seja mais perigoso de lidar do que o início de uma nova ordem das coisas."
Maquiavel - O Príncipe

DEFINIÇÃO DO QUE DEVERIA SER A MOTIVAÇÃO PARA A AVALIAÇÃO DE RISCO E A INTEGRAÇÃO DE SISTEMAS

Por que existem negócios? A resposta é simples: para fazer dinheiro! "Lucratividade" é o nome do jogo! Porém, para atingir isso, a máquina econômica de um negócio deve estar trabalhando - e trabalhando bem - ou não será capaz de atender a nenhuma das outras responsabilidades, tais como o cuidado com a comunidade e com o meio ambiente.

Portanto, para que qualquer programa de gestão de risco ocupacional funcione - e funcione bem - ele deve estar ligado intrinsecamente à máquina econômica da organização, em suas raízes. Logo, se a razão para a avaliação de risco e a integração continuar sendo a obtenção de certificação externa ela será, até certo ponto, removida da realidade e distanciada da máquina econômica da organização. Isto, no longo prazo, não é sustentável.

No entanto, se a motivação para a avaliação de risco e, finalmente, para a integração dos sistemas ou programas de gestão de risco ocupacional for a sobrevivência e lucratividade sustentáveis da organização no longo prazo, então o paradigma torna-se fundamentalmente alterado: ao invés de olhar para "fora" (qual é o requisito de um protocolo de certificação, em termos de avaliação de risco), a organização se concentrará no seu "interior" (qual é a alma do negócio e como ela é afetada pelos riscos dos processos e atividades para atingir sucesso e sustentabilidade econômica). O processo de avaliação de risco qualitativa não deve ser limitado para avaliar apenas os riscos de seguranca, ou saúde, ou ambientais, mas TODOS os riscos associados com o processo, atividade ou instalação. Para resumir:

O paradigma para a avaliação do risco e a integração dos sistemas de gestão de risco ocupacional deve migrar da certificação externa (imagem, exposição do certificado na parede) para benefícios internos (lucro e sustentabilidade).

As avaliações de risco não devem ser focadas nas disciplinas (Segurança, Saúde, Meio Ambiente, Qualidade, etc.), mas devem avaliar todos os riscos associados com o processo, atividade ou item na organização em um único exercício holístico.

Portanto, o mapeamento completo dos processos e atividades da organização (incluindo aqueles que não têm relação direta com uma disciplina ocupacional específica) é vital na avaliação holística de todos os riscos da organização.

(A segunda parte desta série cobrirá "As Armadilhas do Paradigma Atual" onde examinaremos por que a maneira tradicional de designar controles falha e propõe o foco nos controles para começar o movimento na direção correta. A terceira e última parte fornecerão uma descrição genérica de uma Matriz, para designar o nível correto de sofisticação dos controles, dependendo do nível do risco puro estimado, que formalizará Critérios de Avaliação do Nível do Controle do Risco empíricos.)

Danie Williams
Gerente Técnico / NOSA South America Consultores
(O texto não reflete necessariamente a posição da NOSA)

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